domingo, 3 de agosto de 2014

Capítulo 3

  A semana praticamente não existiu, passou tão rápido que mal pude fazer planos. Não nos vimos em nenhum dia, apenas nos falamos por telefone para saber como as coisas andavam e eu não me interessava muito. Eu sabia que a vida dele estava a mesma coisa de sábado: o prestigiado Homem-Aranha. E sem dúvida, ele e a Gwen saíram durante a semana para fazer coisas juntos, coisas que eu poderia fazer com ele, como sair pra jantar ou dar uma volta para conversar, mas eu só pensava em sair do trabalho e ir para casa, ficar sozinha naquele apartamento silencioso. Meu pequeno ódio já tinha ido embora. Eu não me importava muito com as coisas relacionadas a ele, pois querendo ou não, e pelo fato de saber a verdade, eu o via em todo lugar. Em todo lugar tinha uma noticia do Homem-Aranha. Nas TVs, nas rádios e até no meu criado mudo, nossas fotos continuavam lá. Eu dizia não me importar, mentia para mim mesma, mas no fundo queria consertar as coisas. Eu realmente queria.
  Chegou sexta-feira e escolhi minha folga exatamente para esse dia, tinha plano para nós dois sem ao menos comunica-lo. Nada de especial, apenas uma surpresa previsível. Resolvi usar a cópia da chave que tenho do seu apartamento. Já era noite e fazia umas três horas que eu estava à sua espera. Já não aguentava mais ficar sentada naquele projeto que ele chamava de cama. Eu não conseguia parar de olhar o relógio. Me sentei na ponta da cama e pairei minhas mãos sobre minhas pernas, foi então que ouvi o som da maçaneta rodar.
  Continuei na mesma posição, apenas virei o rosto em direção a porta e a feição dele não foi diferente.
- Mary-y Ja-ne?!
  Sorri, dessa vez meu sorriso foi verdadeiro, sorri ao vê-lo pela saudade que me preenchia. Ele então sorriu de volta, abaixando a cabeça e entrando.
- Ah claro, a cópia da chave.
  Eu não disse nada, apenas o observei fazer as coisas. Ele me cumprimentou com um beijo na cabeça, foi tirando a jaqueta e jogando em cima da mesa. Ele virou de costas para mim e botou as chaves em cima do criado mudo, foi então que me levantei devagar e o abracei por trás, deslizando minhas mãos para dentro de sua blusa. Eu senti sua respiração aprofundar, pude sentir seu coração acelerar sobre das minhas mãos e então bem baixinho soltei: "sinto sua falta''.
  Ele virou rapidamente em minha direção, de uma forma brusca. Sem tempo para pensar, senti suas mãos sobre minha pernas, me levantando na direção da sua cintura e me pressionando contra seu peito. Eu queria senti-lo por completo naquela noite, queria ter a chance de consertar tudo para nós dois, queria me redimir e dar a chance para sua redenção também. Estava tudo errado, mas eu sentia que tudo podia ser consertado ali. Senti que ele queria dizer algo, mas antes que tivesse chance, eu disse bem próxima ao seu ouvido:
- Eu quero sentir você por completo, não quero que nada fique entre nós essa noite, quero te sentir de uma forma que não tivemos oportunidade antes.
  Ele sabia o que eu queria dizer, ainda tínhamos a mesma conexão de antes e, naquele momento, essa conexão estava aguçada mais do que nunca. E então ele apenas me olhou com uma feição de incerteza e eu o respondi com um beijo. Nós sabíamos o risco que eu, apenas eu corria ali. Peter ao adquirir seus poderes, teve seu DNA completamente comprometido, as chances de transarmos sem proteção comprometia completamente a minha saúde estável e até a minha própria vida, acho que é por isso que nunca conversamos e nem sequer pensamos sobre ter filhos.. Mas isso não me importava no momento e depois de tanto tempo, finalmente consegui passar uma certa segurança para ele sobre isso, pelo menos naquele momento. Algo completamente imprudente, eu sei, mas estou aqui, viva e contando tudo que aconteceu..
  Fazia tempo que eu não sentia esse sentimento. Naquela noite nada mais importava. Meu mundo voltou a rodar em volta do Peter Parker.
  Sem perder tempo, ele foi se aproximando da cama comigo em seus braços, me deitou com uma completa delicadeza enquanto eu deslizava minhas mãos sobre suas costas para tirar sua blusa branca. Ele me virou e me pôs sobre seu corpo, por cima. Com uma mão eu deslizava sobre sua barriga com meu cabelo longo sobre seu rosto, estávamos num climax completamente clichê e repetitivo, mas a nossa necessidade ali era matar a saudade, e não ter experiências novas. 
  Com a outra mão, eu fui abrindo o botão do seu jeans azul e descendo o fecho da sua calça de vagar, ele gostava disso. Seus olhos permaneciam fechados o tempo todo. Eu pude sentir os pelos do seu braço se arrepiarem e então ele, sozinho, desceu sua calça até a altura da canela. Eu já me encontrava sem blusa, apenas de calcinha, foi aí que ele se ergueu e me abraçou pela cintura, me virando e ficando sobre mim. Passei a mão sobre seu membro por cima da cueca e com essa atitude, ele afogou seu rosto dentro dos meus cabelos. Nisso eu o senti dentro de mim. Suspiros e gemidos dominaram aquele pequeno apartamento. Eu mordiscava seu lábio inferior, tentando abafar tudo o que queria sair de dentro de mim. Não queria que todos daquele andar soubessem o que estava acontecendo ali. Num vai e vem ritmado, tudo foi se esvaindo, tudo foi ficando distante e quando menos percebemos, aconteceu. Uns dez minutos depois me encontrava bem e, acima de tudo, viva. Ele me olhava com uma cara de preocupado mas tudo ocorreu perfeitamente bem. Estávamos felizes e juntos.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Capítulo 2

  Era manhã de domingo. Acordei com o som da campanhia, estava apenas de blusa e calcinha e fui direto abrir a porta sem perceber que estava exposta. Mas não importava, era o Peter. Ao me ver, sua feição era de dúvida, ele não sabia ao certo se a minha cara era de sono ou de desanimo ao vê-lo, mas mesmo assim, ele continuou a ser o romântico cafona de sempre:
- Bom dia, flor do dia.
  Fiz um gesto para que entrasse sem dizer uma palavra. Entramos e fomos direto para o quarto. Ele se sentou na minha cama, cumprimentando a Callisto com carinhos enquanto eu ia ao banheiro escovar os dentes. Foi aí que ele começou a falar sem parar..
- Estava pensando em darmos uma volta no parque, comer alguma coisa, fazer algo juntos.
Com a boca cheia de pasta, eu apenas olhei para ele.
- Ontem eu não vi você ir embora. Te liguei à noite e ninguém atendeu, imaginei que estivesse dormindo e resolvi aparecer aqui agora...
  Enxuguei a boca e com a toalha na mão fui me secando e sentei ao seu lado. Ele me olhou como se esperasse uma resposta, foi aí que...
- O que você quer que eu diga sobre ontem?
Ele arregalou os olhos e não disse nada.
- Bom, eu estou feliz pelo Homem-Aranha, de verdade.
- Mary Jane, aquilo tudo não significou nada.
 E então, eu explodi. Eu explodi pois ele sabia que tínhamos que conversar sobre e eu tenho certeza que se eu não comentasse, passaria em branco.
- Eu não consegui acreditar que aquilo estava acontecendo! O beijo que marcou e iniciou tudo entre a gente estava sendo reproduzido e não era comigo. E você diz que não significou nada?
- Aquele beijo jamais terá profundidade e o sentimento que o nosso teve, foi apenas propaganda, nada mais que um mero merchan.
Sequei com a ponta dos dedos o canto da minha boca e continuei.
- Eu só tenho uma pergunta pra te fazer, Peter; Era você ou o Homem-Aranha que a beijou?
  Ele ficou calado. Eu não queria mais ouvir a voz dele naquele momento e tudo que fiz foi pedir para que ele fosse embora. Eu só queria terminar aquele dia que mal começou, sozinha. Aquele domingo já tinha acabado pra mim. Ele se levantou e foi. Involuntariamente eu joguei a toalha em direção a porta do quarto como um gesto de insatisfação. Eu o odiei por um momento. Ali fiquei, eu, meu misero ódio e a Callisto, subindo no meu colo como uma forma de consolo.